Sonhe com o que você quiser. Vá para onde você queira ir.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida
e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades
para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E
esperança suficiente para fazê-la feliz.

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domingo, janeiro 13, 2013

O sujeito e a sua história: a difícil arte de narrar. Uma breve reflexão...


      


por ANDREIA SILVA

 
 
RESUMO

       O presente trabalho toma como avaliação a perspectiva do sujeito no relato de sua própria história, considerando a importância do olhar do docente no testemunho desse relato, percebendo a linguagem não como um mero instrumento de comunicação e sim contextualizada, viva, construída por cada um de nós.

INTRODUÇÃO

       Considerar a história que atravessa cada sujeito e de que forma ele atua sobre o mundo a partir desse ponto de partida, parece ser uma das maiores dificuldades apresentadas pelos meios educacionais na contemporaneidade.

       Camilo (1998), em seu texto Universidade, Modernidade e Pós-modernidade, pontua que somos herdeiros da modernidade científica, e que esta é baseada em dois princípios básicos: a separação radical entre sujeito e objeto e o conceito de ordem uniforme como principio organizador dominante da realidade. A modernidade admitiu um mundo objetivo a ser descoberto pelo método científico.

       ,A visão da concepção moderna de mundo, inicialmente, está marcada pela visão aristotélica onde o mundo é estático e não evolucionário e explicado pela metafísica. Sujeito e objeto encontram-se separados, como entidades independentes. O sujeito passa a ser descontextualizado, sem história e sem experiência.  Para Benjamin um homem sem experiência é um homem que não deixa rastros, seus rastros passam a ser substituídos pela massificação e por técnicas de controle, o que o autor denomina como reprodutibilidade técnica.   O que passamos a observar a partir desse novo paradigma é a perda do lugar da singularidade e o nivelamento maciço dos sujeitos e dos seus discursos.

       Valoriza-se os atributos e a ênfase no desempenho dos sujeitos. O discurso da atualidade reivindica o “bom” desempenho, o que gera uma busca desenfreada para ser o melhor e, consequentemente, o que observamos é a reprodução desse modo de pensar em todos os âmbitos sociais.

       A partir dessa panorâmica, percebemos que o nivelamento dos discursos e a desvalorização da experiência podem ser considerados como uns dos sintomas sociais da atualidade.  A nossa reflexão passa pelo papel das instituições escolares na manutenção desses discursos e no encapsulamento dos sujeitos.

O sujeito, a linguagem e a sua história formam o tripé que irá permear a nossa discussão, e os principais referenciais teóricos utilizados foram Benjamim, Bakhtin  e Vygotsky.

 

APRENDIZAGEM E OS PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO

       A contemporaneidade trouxe consigo um fenômeno que atravessa todos os setores da vida, e se faz presente principalmente na esfera educacional, que é a rotulação dos diferentes tipos de comportamentos, fenômeno, esse, fomentado principalmente pelo discurso médico-psiquiátrico.

       Hoje, muitas escolas, na elaboração dos seus projetos políticos pedagógicos e das suas metodologias de ensino, não abrem espaço para a singularidade dos sujeitos, seja aluno ou professor.

       Os problemas de aprendizagem atualmente fazem parte do vocabulário dos profissionais da educação, dos profissionais de saúde e até das famílias dos alunos. É recorrente, por exemplo, tratar os problemas de aprendizagem a partir de uma ótica médica, sem levar em consideração a particularidade de cada indivíduo.

       É importante perceber que os problemas de aprendizagem possuem causas diversas e, na maioria das vezes, se relacionam com a biografia de cada aluno. Pensar esses problemas, levando em consideração a singularidade de cada indivíduo, possibilita considerar a importância da subjetividade da criança. É possível perceber que a escola atual, com seus currículos padronizados, e com formas estereotipadas de atuar com as questões dos sujeitos, está com sua singularidade sendo completamente ignorada e a sua escuta negada, na medida em que não nos propomos a escutar a sua história.

       Kramer (1993), em seu texto Educação e Linguagem, fazendo referência ao pensamento de Benjamin, nos ensina que “o declínio da experiência gera a degradação da arte de narrar e, mais do que isso, a transformação da linguagem em instrumento de meio, coisa mercadoria” (p. 47).

        A linguagem está intrínseca ao desenvolvimento dos sujeitos. Ela constitui a sua história, acompanha o seu desenvolvimento. Ao falarmos de sujeitos, estamos nos referindo a sujeitos que narram e expressam os seus desejos, o que esperam do seu meio. O desejo expresso por esses sujeitos poderá ser identificado na sua fala, na sua escrita, no modo como constrói a sua história.

       Souza (1995), ao tratar dessa temática, nos diz que ao reprimirmos o desejo da criança, não considerando o processo no qual elas estão inseridas, a submetemos ao processo de alienação. E ainda nos ensina que "a tarefa da educação é a de superar ou transcender positivamente o processo de alienação a que o homem é submetido cotidianamente, no campo das relações sociais, afetivas, culturais e econômicas".

       De acordo com Souza (op. cit.), o discurso verbal está diretamente ligado à vida e não pode ser divorciado dela sem perder a sua significação. Para essa autora, qualquer enunciado envolve critérios éticos, políticos, cognitivos e afetivos.  Bakhtin, ao falar sobre o verdadeiro núcleo da realidade linguística, nos ensina que, na prática viva da língua, não são palavras que pronunciamos e escutamos e sim verdades ou mentiras, conteúdos bons e maus. Esse autor afirma que a palavra está sempre carregada de conteúdo ou de um sentido ideológico.

       Dessa forma, podemos entender que a concepção da linguagem para Bakhtin se dá na interação verbal dos diferentes discursos. Em Vygotsky observamos que o uso da linguagem se constitui no elemento mais importante no desenvolvimento das estruturas psicológicas superiores, que podemos entender como a consciência da criança. Souza (op. cit.), ao citar Vygotsky, nos diz que o conteúdo da experiência histórica do homem, embora esteja consolidado nas criações materiais, encontra-se também generalizado e reflete-se nas formas verbais de comunicação entre os homens e seus conteúdos.

                     
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FILHO, Camilo José. Universidade, modernidade e Pós-modernidade (1998). In: Educação, Modernidade e Pós-Modernidade. Campinas: Mercado das Letras, 2000.
KRAMER, Sonia. Por entre as pedras. Arma e sonho na escola. São Paulo: Ática,1993.
SOUZA, Solange Jobin. Linguagem, consciência e ideologia. In: OLIVEIRA Zilma de M. Ramos de (org.) A criança e seu desenvolvimento. São Paulo: Cortez, 1995, p.11-30.



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