Sonhe com o que você quiser. Vá para onde você queira ir.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida
e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades
para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E
esperança suficiente para fazê-la feliz.

CLARICE LISPECTOR

Sejam Bem- Vindos!!!

OBRIGADA A TODOS QUE ACOMPANHAM O BLOG. ESTAMOS COM MAIS DE 30.000 MIL VISITAS!!!!!































































































Leituras Indicadas


sexta-feira, fevereiro 05, 2016

O Workshop Neuropsicologia e suas intersecções: um olhar

 para o desenvolvimento infantil:



Local da realização: Universidade do Estado do Rio de 

Janeiro- UERJ.


Auditório 11 (Primeiro andar) Bloco F.



São Francisco Xavier, 524. Campus Maracanã



Programação completa e 





terça-feira, fevereiro 02, 2016

Questões sobre a parentalidade: a importância da sua manutenção no pós-divórcio







Questões sobre a parentalidade:  a importância da sua manutenção no pós-divórcio.

por Andreia Silva


Atualmente tem se verificado nos diversos segmentos sociais a importância de se discutir a questão da manutenção da convivência do casal parental com seus respectivos filhos no pós- divórcio.
Isso pode ser corroborado por inúmeros estudos e pesquisas na área que denotam a importância para a vida psíquica dos filhos de pais divorciados, que em muitos casos o fim do laço conjugal representa para os filhos o comprometimento do vínculo parental com pelo menos um dos genitores.
Brito (2008) relata a dificuldade encontrada por muitos homens e mulheres em diferenciar a parentalidade da conjugalidade no contexto do pós- divorcio. Evidencia-se na separação entre casais, no que concerne a filiação uma acentuada confusão entre os aspectos que se referem à conjugalidade e os que se referem ao desempenho dos papéis parentais. Ainda segundo Brito (2008 apud Souza & Ramires, 2006) os pais devem saber diferenciar o rompimento do vínculo conjugal da manutenção da parentalidade, com isso reduzindo a hostilidade e o nível de conflitos.
Feres- Carneiro (1998) em Casamento contemporâneo: O difícil convívio da individualidade com a conjugalidade, afirma que numa separação quem se separa são os pais, o casal parental continuará para sempre com a função de cuidar, de proteger e principalmente prover as necessidades materiais e afetivas dos filhos. Feres- Carneiro sinaliza, ainda que, o pior conflito que os filhos podem vivenciar, na situação de separação dos pais é o conflito de lealdade exclusiva, quando essa é exigida por um ou ambos os pais.
Dessa forma distinguir parentalidade de conjugalidade num contexto de separação se faz uma tarefa extremamente delicada, pois implica entender a continuidade de uma e a descontinuidade da outra e o impacto que esses novos rearranjos produzem na vida dos personagens envolvidos, principalmente dos filhos.
Dolto (2003) ao considerar a separação dos pais e os seus desdobramentos no inconsciente das crianças, fala sobre o continuum, presente em três esferas da vida da criança: o continuum do corpo, o continuum da afetividade e o continuum da vida social.
A noção de família se faz importante nesse processo, de acordo com Fustier Aubertel (1998) a família tem como tarefa fazer nascer indivíduos para vida psíquica, como berço psíquico do sujeito deve servir de sustentação para que o recém nascido construa o seu psiquismo e organize seu mundo interior (p.138). Segundo Meyer (2004) essas identificações são feitas com os membros da família ou com pessoas substitutivas dos membros da família. Dessa forma, a pessoa vai ao longo do tempo, vivendo seus conflitos e construindo identificações que vão se condensando, decantando e formando a personalidade. Na concepção da psicanálise clássica, a história do sujeito é a história dos seus conflitos e das relações que ele teve durante a vida (p. 30).
De acordo com Eiguer (2000) ao falar de laços de filiação, nos ensina que esses se referem aos laços primários dos pais com as suas famílias de origem, a história de união desses pais e do investimento dos mesmos na concepção da criança, a reciprocidade e o reconhecimento dos lugares e posição dos filhos e dos pais no interior do grupo. E é justamente esse reconhecimento que dá origem aos investimentos afetivos como recurso fundamental para a constituição do laço de filiação (p. 14).
A função paterna por sua vez, garante o reconhecimento dos pais. No grupo familiar circula traços identificatórios, suscitando o compartilhamento entre os seus semelhantes.
O “ser de uma família”, existe em cada um de nós, pois ela possibilita identificações, nos dá a noção de continuidade e possibilita o deslocamento, o rearranjo de papéis: de filho os sujeitos passam a ser marido esposos e conseqüentemente pais. A criança nasce de um desejo de continuidade do casal parental. E como sugere Meyer (op cit) essa criança nasce hipotecada, isto é, como se existisse uma espécie de agenda para ela, já nasce com time de futebol para torcer, uma profissão para seguir e uma série de compromissos futuros que os pais ou substitutos projetam.
Essa questão é crucial para as famílias em processo de separação. Como a parentalidade sobrevive a esse processo? Como garantir esse continuum aos filhos de pais separados? Como desfazer o casal sem desfazer o ninho?
Em uma pesquisa realizada na UERJ no Instituto de Psicologia entre os anos de 2000 e 2005 intitulada Rompimento Conjugal e Parentalidade foram entrevistados pais e mães separados e também os filhos de casais que passaram por esta experiência na infância. E foi realizado também em ambos segmentos grupos de reflexão sobre as referidas experiências, todas relatadas no artigo Alianças desfeitas, ninhos refeitos: mudança na família no pós- divórcio.
E nessa pesquisa foi interessante constatar que o processo de separação principalmente para a maioria dos pais (homens) entrevistados, foi um processo doloroso, pela modificação na qualidade da relação estabelecida com os próprios filhos. Onde foi relatado por alguns que se soubessem que o preço seria a diminuição convivência com seus filhos talvez não tivessem tomado a decisão se separar.
Como a guarda, segundo os participantes era delegada a mãe na maior parte dos casos , causava-lhes estranheza a posição de visitante dos filhos e relatavam ainda que se sentiam despotencializados quanto à participação no processo educativo dos mesmos.
Esse distanciamento com relação ao genitor não guardião também foi salientado pelos filhos, que expuseram que muitas vezes durante o processo de separação eram alocados no centro do caos, como conseqüência do divórcio as brigas mudavam de foco e passavam para a questão da guarda dos filhos.
Constatou-se que a redução da convivência não se traduzia apenas ao genitor não guardião, mas também a da família extensa, muitas das vezes, a paterna, já que em alguns casos analisados na pesquisa a guarda estava sobre o poder da mãe. Alguns dos filhos de pais separados, que participaram de pesquisa, sinalizaram que hoje já adultos, não construíram um laço de convivência com o pai e sequer com avós, tios e primos.
Dessa forma, entende-se a importância de se pensar o compartilhamento da guarda, em benefício ao melhor desenvolvimento da criança, deve ser considerada como ponto central em casos de separação onde há filhos envolvidos. Verifica-se que muitos pais passam por um momento de desorientação no momento em que se separam e identificamos uma série de questões nesses indivíduos, por exemplo, como desenvolver a parentalidade após o rompimento da conjugalidade.
Destaca-se enfim a necessidade urgente de que esses pais, mesmo com o rompimento de um projeto inicial consolidado com a união conjugal e a parentalidade, ainda sim, sejam ambos os sujeitos ativos, capazes de intervir nas diversas esferas da vida de seus filhos.







REFERÊNCIAS

ANDRE FUSTIER, F; AUBERTEL, E (1998). Transmissão Psíquica Familiar pelo Sofrimento. IN: EIGUER, a (org). A transmissão do psiquismo entre as gerações. São Paulo: Unimarco, p. 129-179.

BRITO, Leila M. Torraca de (2008). Alianças desfeitas, ninhos refeitos: mudanças na família pós- divorcio. In: Famílias e separações: perspectivas da psicologia jurídica. Rio de Janeiro: Edu UERJ.

DOLTO, F (2003). Quando os pais se separam. Rio de Janeiro: Zahar.

FÉRES-CARNEIRO, T. (1998). Casamento contemporâneo:O difícil convívio da individualidade com a conjugalidade. Psicologia: Reflexão e Crítica,11(2), 379-394


MEYER, L (1984). Família dinâmica e terapia: uma abordagem psicanalítica. São Paulo: Brasiliense.