Sonhe com o que você quiser. Vá para onde você queira ir.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida
e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades
para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E
esperança suficiente para fazê-la feliz.

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domingo, abril 28, 2013

CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOLOGIA À PSIQUIATRIA

 RESUMO
 

 
 
 
 
Luciani Modesto de Almeida
Andreia dos Santos Silva
 
 
As aplicações do exame neuropsicológico têm variado ao longo do desenvolvimento das disciplinas relacionadas ao comportamento, à cognição e neurociências de forma geral. De inicio, o exame neuropsicológico se aplicava a Neurologia como localizador e -identificador de lesões cerebrais focais e à Psiquiatria como meio de distinguir entre pacientes orgânicos, onde alterações do comportamento e da cognição eram geradas por alterações cerebrais, e pacientes funcionais, que tinham alterações não orgânicas ou psicodinâmicas. Entretanto, com o notável aprimoramento dos exames de neuroimagem, permitindo a localização de lesões e disfunções sutis, entre outros, o eixo da investigação em neuropsicologia mudou.
A partir do desenvolvimento dessas técnicas mais eficazes, a avaliação não mais concentra seu interesse apenas na localização, mas no estabelecimento da extensão, do impacto e das consequências cognitivas, comportamentais e na adaptação emocional e social que tais disfunções e lesões podem acarretar nas pessoas. Sua importância reside principalmente na prevenção e detecção precoce de distúrbios do desenvolvimento /aprendizado, indicando de forma minuciosa o ritmo e a qualidade do processo e possibilitando um “mapeamento” qualitativo e quantitativo das áreas cerebrais e suas interligações (sistema funcional), visando intervenções terapêuticas precoces e precisas, tornando-se assim, um dos componentes essenciais das consultas periódicas infantis. Contudo, quando se pensa em aplicar uma avaliação em crianças , primeiro é preciso compreender a relação entre cérebro e desenvolvimento infantil, entendendo que neste processo há um crescimento não só físico, como também neurológico, comportamental e emocional, levando em conta o contexto que tais aspectos estão inseridos, como classe social, estrutura familiar, educação e saúde, pois todos estes fatores podem influenciar de forma significativa nos resultados da avaliação.
Em relação à Psiquiatria, a Neuropsicologia auxilia não só na identificação de lesões cerebrais e na avaliação longitudinal do declínio cognitivo associado a certas doenças psiquiátricas, como também favorece o desenvolvimento de teorias a respeito da localização neuroanatômica de sintomas de diversos transtornos, além disso, permite uma avaliação objetiva do comportamento do individuo, observado através da sua habilidade em desempenhar determinadas tarefas. Sendo assim, é de extrema relevância na definição de vários distúrbios neuropsicológicos, como os relacionados ao espectro das lesões cerebrais, os específicos de aprendizagem, como a dislexia, ou o TDAH, cabendo ao neuropsicólogo não só estabelecer o perfil do déficit (fraqueza) e sua extensão funcional, mas também as habilidades preservadas (forças). Pode ser expressa qualitativamente, através da observação dos comportamentos do paciente, como ansiedade, desatenção ás instruções, impulsividade e cansaço, e quantitativamente, utilizando testes psicométricos e neuropsicológicos, organizados em baterias fixas ou flexíveis, e os resultados refletem os principais ganhos ao longo do desenvolvimento e tem o objetivo de determinar o nível evolutivo especifico da criança.
Esta gama de técnicas e instrumentos será utilizada para o levantamento de uma hipótese diagnóstica, já que a avaliação é sempre um corte transversal, ou seja, uma avaliação pontual naquele momento do desenvolvimento da criança. Assim, avaliação neuropsicológica tem como objetivo, identificar e descrever mudanças nos funcionamentos cognitivos, comportamental e/ou emocional em referência a presença/ausência e gravidade, identificando pontos da cognição da criança, inferindo acerca do distanciamento entre o resultado nos testes e o esperado para a idade; determinar a correlação entre a neuroanatomia e neurofisiologia e os resultados: detecção, graduação e localização de lesão cerebral; determinar se as discrepâncias observadas entre o esperado e o encontrado na avaliação são associadas com doenças neurológicas, psiquiátricas, transtornos do desenvolvimento entre outros; avaliar mudanças na evolução e sugerir prognóstico; oferecer informações para reabilitação e/ ou planejamento educacional; avaliar a eficácia do tratamento medicamentoso e terapêutico e oferecer informações a família sobre as dificuldades cognitivas da criança.
Este processo de avaliação pressupõe alguns passos tais como: entrevista inicial, planejamento da avaliação, seleção de instrumentos, analise e integração de dados. A seleção dos testes deve oferecer um panorama das funções cognitivas, favorecendo um exame eficiente, permitindo formar um diagnóstico dos prejuízos cognitivos, de forma que o resultado final forneça um perfil neuropsicológico do paciente, a partir da queixa apresentada, o nível evolutivo da criança, o tempo e o custo.
Atualmente, o exame neuropsicológico é uma ferramenta muito útil para questões clinicas como diagnostico diferencial, tendo como base as ideias de que as alterações neurobiológicas nos diferentes transtornos neuropsiquiátricos podem provocar manifestações cognitivas e comportamentais específicas, e a comparação entre tais alterações é muito útil. Neste sentido, podemos identificar três situações: Primeiro em condições em que a avaliação cognitiva é estritamente necessária, como no Retardo Mental, os Transtornos Específicos da Aprendizagem e o Comprometimento Cognitivo Leve, estando à avaliação cognitiva em um papel complementar a outros exames. Também é bastante útil na identificação de síndromes neurológicas clássicas como Afasias, Amnésias, Apraxias, Agnosias, entre outras, traçando o perfil de funções mentais preservadas e comprometidas; na segunda condição, a avaliação contribui, mas não é necessária, estando os casos em que as alterações cognitivas não figuram de forma específica nos critérios diagnósticos, elucidando questões pontuais, sendo útil na identificação de comorbidades ou na exclusão de outros quadros. E por fim, onde o exame contribui minimamente para o diagnostico, apresentando outras aplicações clinicas,como no caso de Disfunções Executivas que ocorrem com frequência em Transtornos como TAB,TDAH, Esquizofrenia, e TOC,apresentando sintomatologia e manifestações comportamentais que podem ser bastante semelhantes, porem os componentes e a hierarquia das disfunções não são iguais,como nos dois primeiros, onde em ambos ocorre um déficit da motivação, porém um é secundário à aceleração do pensamento, já em outro leva á impersistência da atenção.Também fornece dados importantes em quadros de difícil separação como a síndrome de Asperger e os Transtornos de Aprendizagem Não-Verbal.Os tratamentos medicamentosos e os tipos de terapia ou treinos indicados em cada caso também são diferentes, incluindo avaliação das consequências e o impacto psicossocial das dificuldades cognitivas, possibilitando o planejamento de intervenções específicas e de um aconselhamento pessoal/familiar eficaz.
As possibilidades da avaliação neuropsicológica são múltiplas, na medida em que ela se processa com testes quantificáveis específicos e investigando amplamente o funcionamento, permitindo estabelecer se há distúrbio ou déficit, se eles têm relação com a doença presente ou sugestiva de uma desordem não diagnosticada no presente. Estabelece que funções, áreas ou sistemas cerebrais podem estar envolvidos e quais hipóteses diagnósticas podem ser feitas a partir do exame, contribuindo para o entendimento e para manejo de quadros tão diversos, mostrando-se assim, um instrumento de investigação vasto e de grande importância.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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